Um traço, uma curva e um ponto se aconchegam lado a lado. O azul, o amarelo, o vermelho e o verde entram na brincadeira e se entregam ao mosaico geométrico e agora colorido. De longe ou de perto, a paisagem recém-formada encanta. Aparentemente sem regras, a imagem que se abre diante dos olhos só exige o infinito. Círculos e quadrados não se fecham jamais. E seguem o movimento da arte abstrata. Assim, não há criança ou adulto que permaneça alheio ao singelo e ao lúdico da obra. Dá vontade de tocar, de interagir e de fazer parte desse universo em transformação. A arte em alvoroço é a de Athos Bulcão, o desenhista, o pintor, o arquiteto, o mosaicista, o artista de Brasília. O carioca de nascimento e brasiliense de coração criou para todos. Seja um painel de azulejos, uma máscara, um trabalho em alto-relevo, ouco importa. A tradução do belo não tem público ou privado - pelo menos não deveria. O legado de Athos aparece em mais de 260 obras, espalhadas entre monumentos, escolas, órgãos de governo, edifícios e casas particulares. A maioria ganhou vida em Brasília, a cidade que o gênio modernista escolheu para viver.
Palácio do Itamaraty
- O prédio do Ministério das Relações Exteriores, ao lado do Congresso Nacional, abriga dois trabalhos de Athos Bulcão, criados a partir de materiais bem diferentes. Relevo em mármore e Treliça em madeira e ferro embelezam e chamam a atenção em um local onde existe a concorrência imposta por obras de vários artistas renomados.
Teatro Nacional
- Os cubos de concreto ainda passam por restauração, mas a remontagem da fachada idealizada por Athos se mostra fuficiente para revelar a genialidade do artista. No plano criado por ele, os painéis que compõem a obra O sol faz a festa são cobertos por 3.391 cubos - 1.693 la lateral sul e 1.698 na lateral norte - de cinco tamanhos diferentes.
Igrejinha da 308 Sul
- O primeiro templo católico do Distrito Federal passou por reforma recente, em especial os azulejos de Athos Bulcão - a obra representa a pomba do Espírito Santo e a Estrela da Natividade. A Igrejinha é de 1958, constrúida a pedido da então primeira-dama, dona Sarah Kubitschek. A fachada, desenhada por Oscar Niemeyer, tem inspiração nos chapéus das freiras da Ordem dos Vicentinos.
Universidade de Brasília (UnB)
- O Institudo de Artes abriga um dos painéis de azulejos mais belos do artista. As peças em verde, azul e branco embelezam uma das fachadas do local, onde o próprio Athos deu aulas em dois períodos. Na primeira vez, lecionou entre 1963 e 1965, quando deixou a UnB em companhia de mais de 200 professores. Voltou à univerdidade em março de 1988 por conta da Lei de Anistia.
(Extrato do Correio Braziliense, de 21 de abril de 2010)
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